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Vozes Jovens pelo Desarmamento: A Experiência de Giovanna no TPAN

  • Giovanna Rezende
  • 21 de mai.
  • 3 min de leitura
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Nesta entrevista, Giovanna, membro da Dhesarme, compartilha sua experiência ao participar da Terceira Reunião de Estados Partes do Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares (TPAN). A partir das dinâmicas das negociações até a força da sociedade civil, ela reflete sobre as lições aprendidas, o peso emocional do trabalho e a importância das perspectivas da juventude e da liderança do Sul Global na construção de um mundo livre de armas nucleares.


Como foi sua experiência na Terceira Reunião dos Estados Partes do TPAN?

Foi uma experiência muito interessante e enriquecedora. Embora eu já tivesse participado de discussões sobre tratados antes, essa foi particularmente diferente! Nas primeiras sessões, não havia negociações ativas, apenas painéis com especialistas. As discussões sobre os artigos do Tratado começaram apenas na terceira sessão, e nem todos os Estados se manifestaram. Isso foi bastante revelador.É algo que acontece com frequência em conferências sobre desarmamento: devido à ausência dos Estados com armas nucleares, é mais difícil avançar na implementação.

Ainda assim, a energia e a determinação da sociedade civil eram palpáveis. Muitos eventos paralelos importantes aprofundaram meu conhecimento sobre o tema e me fizeram refletir sobre os próximos passos no ativismo. Conhecer pessoas incríveis, incluindo membros da WILPF, da Reaching Critical Will e outras ativistas, tornou tudo ainda mais significativo. Viver isso ao lado de pessoas que compartilham da mesma esperança e objetivo que você sempre fortalece.


Quais lições você tirou dessa experiência?

Uma das principais lições que aprendi foi a importância da persistência e da incidência estratégica. Mudanças no direito internacional e no campo do desarmamento levam tempo, mas os esforços coordenados da sociedade civil fazem, sim, diferença. No entanto, embora o ativismo seja poderoso, também precisamos pensar estrategicamente sobre como influenciar a mentalidade dos Estados que ainda acreditam que armas nucleares são essenciais para seu progresso e segurança.

Aprendi também que incluir vozes diversas (especialmente do Sul Global, de comunidades indígenas e de jovens) é essencial para construir uma paz verdadeiramente justa e inclusiva. Essa experiência me trouxe um lembrete poderoso: enquanto algumas pessoas se sentem imunes ou distantes, há populações inteiras cujas vidas são moldadas pela violência e pela ameaça dessas armas desumanas. O impacto das armas nucleares não se resume à destruição em massa, ele também deixa cicatrizes geracionais em comunidades já vulneráveis. Ignorar esse impacto é perpetuar uma narrativa de indiferença. Mas quando nos unimos, reafirmamos o valor da vida como um princípio inegociável para todas as pessoas.


Como é ser ativista pelo desarmamento nuclear hoje?

Ser uma ativista pelo desarmamento nuclear hoje é uma mistura de frustração e esperança. Por um lado, enfrentamos uma grande resistência dos Estados com armas nucleares e de um sistema global ainda profundamente dependente do militarismo. Por outro, a existência do TPAN e o impulso que ele vem ganhando provam que um futuro diferente é possível. É um ato diário de resistência, educação e cuidado coletivo.

É desafiador, mas necessário. Muitas vezes parece que estamos enfrentando interesses poderosos e crenças profundamente enraizadas no militarismo e na dissuasão. Ao mesmo tempo, é também profundamente gratificante. Estamos construindo comunidades, produzindo conhecimento e mostrando que outro caminho é possível. Mesmo quando os espaços formais parecem estagnados, os eventos paralelos, as conexões pessoais e o trabalho de base nos lembram que esse movimento está vivo e evoluindo.


Na sua opinião, quais são as dificuldades enfrentadas por jovens ativistas no desarmamento?

São muitas. Para citar algumas: o acesso limitado aos espaços de tomada de decisão e a falta de financiamento são grandes obstáculos. Muitas vezes, existe a percepção de que jovens não "sabem o suficiente" para influenciar debates de alto nível. Mas também há o peso emocional: ver como o progresso pode ser lento, especialmente quando os Estados com armas nucleares se recusam a se engajar.Ainda assim, continuamos presentes, fazendo perguntas incômodas e tornando-nos visíveis. E isso é algo poderoso.


Qual é sua mensagem para outros jovens ativistas?

Estejam presentes, mesmo quando parecer que nada está mudando. Cada pessoa com quem você se conecta, cada ideia que você compartilha e cada painel que você assiste têm importância. Não estamos sozinhas, há uma comunidade inteira lá fora lutando por paz, segurança, desarmamento e direitos humanos. Não hesite em se posicionar, e nunca subestime o efeito dominó da sua voz e das suas ações. Nós não somos apenas o futuro, já estamos transformando o presente. Continue insistindo, continue questionando e continue pressionando.

É um privilégio acompanhar de perto o poder da sociedade civil para mudar o rumo das discussões, trazendo não apenas as vozes de quem continua sofrendo as consequências dos conflitos passados, mas de todas as pessoas que reconhecem a urgência de garantir que absolutamente ninguém mais no mundo sofra assim. Sou eternamente grata à WILPF e a Dhesarme pela oportunidade de fazer parte desse espaço.

 
 
 

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