Vozes Jovens pelo Desarmamento: A Experiência de Maria Eduarda no Concurso de Artes da Stop Killer Robots
- dhesarmebrorg
- 31 de mai.
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Nessa entrevista, Maria Eduarda de Oliveira, membro da Dhesarme, compartilha sua participação no concurso internacional “Future 2045: The world with or without Killer Robots”, promovido pela Stop Killer Robots. Ela conta como enfrentou o desafio de criar sua primeira animação, aprendendo tanto sobre o processo criativo quanto sobre o tema das armas autônomas. Selecionada entre os cinco vencedores, Maria Eduarda destaca a importância da arte como ferramenta de transformação e reforça a esperança no poder da juventude para construir um mundo mais justo e consciente.
Como foi sua experiência participando do concurso “Future 2045: The world with or without Killer Robots” realizado pela STOP KILLER ROBOTS?
Foi a minha primeira vez participando de um concurso e também a primeira vez fazendo uma animação, então foi realmente desafiador. Quando recebi a mensagem da Hevelyn, Diretora de Operações da Dhesarme, falando sobre um concurso promovido pela Stop Killer Robots, fiquei muito animada e fui buscar mais informações.
Sempre gostei de tudo relacionado à arte, especialmente desenho e pintura. Uma das categorias era animação, e então pensei: “E se eu tentar?”. Eu nunca havia feito uma animação antes, então todo o processo foi um grande desafio. Realizei no estilo frame por frame, em que cada quadro é desenhado separadamente e depois organizado em sequência para criar a ilusão de movimento.
Já tinha algum conhecimento sobre armas autônomas por participar da Dhesarme, mas o concurso me levou a estudar ainda mais sobre o tema. Quando recebi o e-mail dizendo que fui uma das cinco selecionadas (no meu primeiro concurso da vida, entre pessoas do mundo todo!) fiquei imensamente feliz. Foi uma honra representar a Dhesarme.
Todos da Stop Killer Robots foram extremamente atenciosos e acolhedores com os selecionados. Sou especialmente grata à Charlotte, membro da Stop Killer Robots, que me ajudou com várias dúvidas sobre o webinar que participaríamos. No dia 28 de maio de 2025, aconteceu o webinar com os vencedores. Como há sempre uma primeira vez para tudo, essa também foi a minha primeira vez falando em inglês e participando de uma entrevista internacional.
Estava muito nervosa, mas todos ofereceram o suporte necessário e me fizeram sentir confortável. A entrevista ao vivo correu bem, adorei conhecer o trabalho dos outros vencedores e foi incrível fazer parte de tudo isso.
Quais lições você tirou dessa experiência?
Essa experiência me ensinou muito, em diversos níveis. Pude aprofundar meu conhecimento sobre armas autônomas, já que precisei estudar o tema com mais atenção para conseguir produzir uma animação que fosse precisa e, ao mesmo tempo, capaz de transmitir a mensagem que eu queria.
Também aprendi bastante sobre o processo criativo e técnico da animação, algo totalmente novo para mim até então. Foi desafiador, mas extremamente enriquecedor. Depois dessa primeira animação, me senti inspirada a continuar explorando esse meio, e comecei a desenvolver outros projetos voltados ao desarmamento e a arte.
Acima de tudo, essa vivência reforçou em mim o desejo de usar a arte como uma ferramenta de transformação. Senti ainda mais vontade de encontrar formas criativas e sensíveis de espalhar a mensagem da Dhesarme pelo mundo.
Como é ser ativista pelo desarmamento sobre armas autônomas nos dias de hoje?
É algo realmente desafiador. Às vezes, sinto que as pessoas banalizam demais o uso da inteligência artificial. A IA não é e nunca será um ser humano. Ela nunca terá a moral, o discernimento e a sensibilidade que fazem parte da experiência humana. É inadmissível que, cada vez mais, decisões importantes estejam sendo colocadas nas mãos de robôs e sistemas que não compreendem o valor da vida. Ao mesmo tempo, sigo esperançosa com a nossa geração. Como respondi a uma das perguntas durante o webinar dos vencedores, nós somos o futuro, e acredito de verdade que podemos fazer a diferença.
Na sua opinião, quais são as dificuldades enfrentadas por jovens ativistas no desarmamento?
Uma das maiores dificuldades que sinto é de não sermos ouvidos pelos mais velhos. Muitas vezes, tenho a impressão de que não somos levados a sério, especialmente por gerações anteriores. Existe uma tendência de nos rotular como fracos ou sensíveis demais, simplesmente por nos importarmos com causas sociais, por nos preocuparmos com as pessoas e por querermos um mundo mais justo.
Qual é sua mensagem para outros jovens artistas e ativistas?
Não desista. Às vezes pode parecer que o mundo está perdido, que há pessoas muito ruins no mundo, e que não temos o poder de decisão. Mas acredite, há pessoas espalhadas pelo mundo que lutam dia e noite, e é graças a elas que muitas pessoas podem ter vidas mais dignas. Sua parte, mesmo que pareça pequena, pode fazer a diferença. Há com certeza pessoas espalhadas pelo mundo que ficariam extremamente gratas por tudo que você faz.
E aos artistas: Não se cobrem muito! Seu estilo de arte é incrível do jeitinho que é! Sei que ser artista (principalmente no Brasil) pode ser complicado e desafiador. Mas você está no caminho certo se usa sua arte para o bem!
Agradeço imensamente a toda a equipe da Stop Killer Robots pela oportunidade e pelo acolhimento ao longo de todo o processo. Um agradecimento especial à Charlotte, que foi extremamente paciente e atenciosa comigo, e à Hevelyn, que me apresentou o concurso e me incentivou desde o início a participar. E, é claro, não poderia deixar de agradecer aos meus colegas da DHESARME, que sempre acreditaram em mim e apoiaram meus “dotes artísticos” com carinho e entusiasmo. Fico muito feliz por poder participar dessa entrevista e compartilhar um pouco da minha trajetória. Essa experiência ficará marcada em minha vida como um momento de crescimento e aprendizado.
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